A pecuária na colonização do Mato Grosso do Sul



A pecuária contribuiu muito para o processo de colonização do Mato Grosso e esta atividade inicialmente se desenvolveu como uma atividade complementar à mineração que se instalou na região. As primeiras fazendas surgiram na Chapada dos Guimarães, mas posteriormente as fazendas de criação de gado se estenderam para outras regiões da Capitania do Mato Grosso como o Pantanal, São Pedro d’El Rey (Poconé) e Vila Maria de Cáceres (Cáceres).



O trabalho nas fazendas de gado era realizado por trabalhadores livres, os camaradas ou agregados, que recebiam salários e os escravos se destinavam às tarefas domésticas e às roças de subsistência. No século XIX a pecuária se expandiu, pois com a abertura da navegação na Bacia Platina teve início o comércio do charque, do couro e do sebo para outras regiões do país e da região platina.

No século XX, com a abertura da Estrada de Ferro Noroeste do Brasil que ligava o sul do Mato Grosso à cidade de Bauru, no estado de São Paulo, o gado passou a ser transportado para engorda em São Paulo.




A pecuária na colonização do Mato Grosso do Sul


 A pecuária na colonização do Mato Grosso do Sul

A pecuária na colonização do Mato Grosso do Sul





A Companhia Matte Laranjeira e a Estrada de Ferro Noroeste do Brasil




No século XIX, o governo brasileiro promoveu um incentivo para a exploração da erva-mate em território brasileiro. Thomaz Laranjeira, um comerciante português, conseguiu autorização do governo imperial de D. Pedro II e criou a Companhia Erva-Matte Laranjeira. A Companhia Matte Laranjeira, fundada em 25 de julho de 1883 na parte sul do Mato Grosso, trouxe muitos trabalhadores do Rio Grande do Sul para trabalhar no preparo da erva-mate. A sede da Companhia na Fazenda Campanário, Dourados, ocupava uma extensa área de 19 688 km2 e englobava as localidades de Angélica, Caarapó, Deodápolis, Douradina, Fátima do Sul, Glória dos Dourados, Itaporã, Ivinhema, Jateí, Juti, Novo Horizonte e Vicentina. Em 1918 foi fundada a Fazenda Campanário, sede da Companhia, na região de Amambaí, cujo nome era uma homenagem aos proprietários que vieram de uma cidade chamada Campanário, localizada na ilha dos Açores de Portugal. Neste período, Campo Grande passou a ocupar o lugar de Corumbá como centro econômico da região sul do Mato Grosso. A cidade de Amambaí passou por grande desenvolvimento após a criação da Cia. Erva-Matte Laranjeira, que trouxe crescimento e população para o novo município que se formava. A maioria das pessoas que firmaram moradia na região eram trabalhadores da Cia. vindos do Paraguai. Quando a mineração começou a diminuir, no final do século XVIII, os negócios também mudaram. Ao redor de Porto Murtinho, era explorada a erva-mate. Muitos trabalhadores da coleta do mate eram gaúchos e paraguaios. Essas companhias forneciam os equipamentos de trabalho e vendiam alimentos aos trabalhadores, que só podiam comprar nos seus barracões. Ao final do mês, o salário que os trabalhadores recebiam nem sempre dava para pagar as despesas que faziam nos barracões. Na primeira metade do século XX ocorreram diversos projetos de colonização da região, como o da Companhia SP-MT, que ao adquirirem terras às margens do rio Paraná deram origem aos municípios de Bataiporã, Bataguaçu e Anaurilândia.


Trabalhadores em ervais da Cia. Matte Laranjeira, no antigo sul de Mato Grosso, início do século XX.


 Trabalhadores em ervais da Cia. Matte Laranjeira, no antigo sul de Mato Grosso, início do século XX.

Trabalhadores em ervais da Cia. Matte Laranjeira, no antigo sul de Mato Grosso, início do século XX.





Apesar do sucesso da produção do mate, o lucro ficava com os grandes produtores que controlavam o plantio e o comércio. Os empregados utilizados na produção desenvolviam seu trabalho em difíceis condições dentro da mata, sujeitos a várias doenças como a malária e ao ataque de insetos e animais como as onças, ganhavam pouco e viviam com dívidas contraídas no próprio campo de erva. Muitas vezes eram castigados pelos capatazes das Companhias como antes se castigavam os escravos. A extração do mate era feita no sul do Mato Grosso e depois levado para a Argentina onde era beneficiado, ou seja, as folhas e os galhos eram reduzidos a pó e depois distribuídos pela Companhia para o consumo. Contudo, na década de 1930, o governo federal passou a estimular a industrialização da erva-mate nos estados de Santa Catarina e Paraná, criando inclusive, em 1938, o Instituto Nacional do Mate, o que aliado a outros fatores como a concorrência da produção do mate nas províncias argentinas de Missiones e Corrientes, levou a Companhia Matte Laranjeira à decadência e posterior falência. Da mesma forma que a extração do mate, a construção da Estrada de Ferro Noroeste do Brasil (NOB), em 1905, trouxe alguns avanços para a economia da região como o transporte do gado para Bauru, feito através de trens, além de possibilitar uma melhoria nas relações comerciais com São Paulo. Surgiram vários municípios como Três Lagoas, Água Clara, Ribas do Rio Pardo e Sidrolândia, assim como houve um maior desenvolvimento de alguns municípios como Campo Grande, Aquidauana, Miranda, Ponta Porã, Maracaju e Dourados. A construção da linha do trem no sul de Mato Grosso transformou a paisagem e ampliou a comunicação com outras regiões, uma vez que as viagens passaram a ser realizadas com mais conforto e em menos tempo. Houve um grande crescimento de Campo Grande com a vinda de migrantes de outros estados como São Paulo, Minas Gerais e Paraná.


Ponte Ferroviária Francisco de Sá em Três Lagoas-MS


 Ponte Ferroviária Francisco de Sá em Três Lagoas-MS

Ponte Ferroviária Francisco de Sá em Três Lagoas-MS





Chimarrão - Uso da Erva-mate como chá


 Chimarrão  - Uso da Erva-mate como chá

Chimarrão - Uso da Erva-mate como chá




As ferrovias no Brasil


As ferrovias marcaram uma grande mudança aos costumes da população brasileira, assim como também mudou a organização dos povoados e das cidades. Antes da construção das ferrovias, normalmente as cidades se aglomeravam e se direcionavam perto dos rios, pois eram através deles que se faziam as comunicações. Além disso, o transporte marítimo era um importante meio até então para o transporte de grandes quantidades de mercadorias para longas distâncias.